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domingo, agosto 10, 2025

Estudo da UFES aponta falhas no monitoramento da Braskem em Maceió

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O risco de ampliação das áreas afetadas pela subsidência em Maceió voltou ao debate público após um relatório da UFES apontar inconsistências no monitoramento da Braskem. A pesquisa indica que o limite atual para classificar uma região como crítica está subestimado, o que pode colocar mais imóveis e estruturas sob ameaça, especialmente em zonas periféricas e próximas à Estação de Tratamento de Água Cardoso.

Análise técnica da metodologia e padrões internacionais

O estudo, apresentado em audiência pública nesta sexta-feira (8), revela que a metodologia aplicada pela Braskem para definir o mapa de criticidade não segue padrões internacionais de geotécnica e geofísica. Atualmente, o critério considera um deslocamento de 5 milímetros por ano como limiar para inclusão no mapa, valor que os pesquisadores consideram insuficiente para representar o risco real.

Segundo o doutor em Geologia Marcos Eduardo Hartwig, da Universidade Federal do Espírito Santo, esse parâmetro está em desacordo com a literatura científica internacional e não contempla evidências de campo. Ele recomenda o uso contínuo da tecnologia A-DInSAR para monitoramento da superfície, capaz de detectar deslocamentos milimétricos e mapear com precisão o avanço da instabilidade do solo.

Hartwig também sugeriu a criação de um mapa de nível de danos, que represente não apenas as áreas já reconhecidas como críticas, mas também aquelas onde há indícios de deslocamento ou fissuras, mesmo que fora dos limites atuais. Isso incluiria zonas adjacentes, como áreas próximas à barragem do Catolé e à região dos Flexais.

Impactos sociais e risco à população

O relatório alerta que novas áreas urbanas podem ser classificadas como de risco, ampliando significativamente o número de famílias afetadas. Em bairros como Bebedouro e Flexais, já foram detectados deslocamentos superiores ao limite oficial, chegando a 10 mm por ano em alguns pontos. Essa taxa, segundo os especialistas, dobra o máximo permitido pelo mapa atual e representa ameaça concreta a edificações e infraestrutura.

Durante a audiência, imagens e vídeos mostraram rachaduras e vazamentos persistentes na adutora ligada à Estação de Tratamento de Água Cardoso, mesmo após reparos emergenciais. Os fissurômetros instalados confirmaram deslocamentos horizontais e verticais, evidenciando a instabilidade do solo.

Moradores relatam que, mesmo sem estarem oficialmente em “área de risco”, convivem com medo e prejuízos diários. Alguns já abandonaram imóveis por conta de danos estruturais, enquanto outros aguardam ações do poder público para garantir segurança e eventual indenização.

Cenário geral e medidas preventivas

O caso da Braskem em Maceió se arrasta desde 2018, quando a mineração de sal-gema provocou a subsidência em diversos bairros. Desde então, milhares de pessoas foram removidas de suas casas e um extenso processo de compensação e recuperação ambiental foi iniciado, ainda sem prazo para conclusão.

Com o novo alerta técnico, cresce a pressão para que o mapa de criticidade seja revisado imediatamente. Especialistas defendem não apenas o monitoramento ampliado, mas também a implementação de planos de evacuação preventiva para áreas que apresentem sinais de instabilidade.

O relatório também sugere que órgãos públicos e empresas responsáveis adotem protocolos de inspeção e manutenção mais rigorosos em obras de infraestrutura, evitando colapsos repentinos. A atualização frequente dos dados, com base em métodos reconhecidos globalmente, é apontada como essencial para garantir a segurança da população e prevenir tragédias.

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