EP. 6 — Classe C: A Porta de Entrada para a Rede PY

O radioamadorismo é uma atividade técnica e cidadã que exige capacitação, responsabilidade e conhecimento. Para quem deseja ingressar nesse universo, a Classe C é o primeiro passo — uma porta de entrada legal, acessível e extremamente útil para situações de emergência e preparação comunitária.

O Que é a Classe C?

A Classe C é a categoria inicial do radioamadorismo brasileiro, autorizada pela Anatel. Ela permite a operação em faixas específicas e com potências limitadas, mas já abre caminho para uma atuação relevante em contextos locais, regionais e até nacionais, especialmente em frequências de VHF e algumas bandas de HF.

Trata-se de uma licença oficial, válida em todo o território nacional e reconhecida internacionalmente como parte do serviço de radioamador, segundo diretrizes da UIT (União Internacional de Telecomunicações).

Como Funciona o Processo de Certificação

Para obter a habilitação Classe C, o candidato deve:

1. Criar uma conta no GOV.BR (nível prata ou ouro);
2. Acessar o sistema Mosaico da Anatel e se inscrever no Exame de Radioamador (COER);
3. Estudar os conteúdos exigidos:
   • Regulamento dos Serviços de Radioamador;
   • Técnicas básicas de eletrônica, antenas e propagação;
   • Ética e conduta operacional.
4. Fazer a prova objetiva (geralmente online);
5. Emitir o COER e solicitar o indicativo (ex: PU1XYZ);
6. Registrar sua estação de radioamador, informando local, equipamentos e antenas.

Segundo o portal da Anatel, a habilitação do radioamador é individual e compreende duas etapas: a habilitação como operador (via COER) e a autorização de uso de radiofrequência (para a estação). Toda essa tramitação pode ser feita pelo Sistema Mosaico (https://sistemas.anatel.gov.br/mosaico/).

A documentação necessária inclui:

• Cadastro atualizado no sistema GOV.BR;
• RG e CPF digitalizados;
• Comprovante de endereço;
• Aprovação em exame técnico (prova);
• Solicitação formal da licença e do indicativo.

O processo não envolve cobrança de taxas, e a emissão do COER é imediata após a aprovação.

Quais Faixas e Modos São Permitidos?

Com a Classe C, o operador pode transmitir nas seguintes faixas:

• VHF (144 a 148 MHz) — uso popular em HTs e repetidoras locais;
• HF (10 metros – 28 a 29.7 MHz) — faixa com grande alcance em horários certos;
• UHF (430 a 440 MHz) — permitido em algumas regiões conforme regulamentação local.

Modos operacionais:

• Voz (modulação FM e AM);
• CW (telegrafia, opcional);
• Modos digitais com supervisão (ex: FT8, SSTV, APRS).

A potência máxima permitida é de 100 watts PEP (potência de pico de envelope).

Equipamentos Básicos Ideais para Iniciantes

A estrutura inicial para um radioamador Classe C pode ser simples e funcional. Recomenda-se:

• HT VHF/UHF — como o Baofeng UV-5R ou similares;
• Antena de base ou portátil — de fácil instalação;
• Fonte de alimentação ou uso direto em baterias de 12V;
• Receptor de onda curta/SWL — para aprendizado em escuta;
• Kit de emergência — com cabos, conectores e alimentação alternativa (bateria ou solar).

Ética e Boas Práticas para Novos Radioamadores

Operar um rádio é exercer um direito regulamentado — e, por isso, exige responsabilidade. Algumas práticas fundamentais:

• Respeitar o canal de escuta antes de transmitir;
• Não usar linguajar ofensivo ou político;
• Identificar-se corretamente com o indicativo em todas as transmissões;
• Respeitar a prioridade de comunicações emergenciais;
• Manter logs ou anotações de contatos relevantes.

A disciplina operacional e o compromisso com a legalidade são marcas dos radioamadores responsáveis.

A Importância Estratégica da Classe C

Embora considerada a classe inicial, a Classe C é uma das mais importantes do radioamadorismo. É por ela que grande parte dos operadores ingressa no serviço, aprende a utilizar o espectro de maneira correta e contribui com sua comunidade.

Durante desastres naturais, como alagamentos, apagões ou incêndios florestais, são frequentemente operadores Classe C que mantêm os primeiros contatos locais e estabelecem as redes de retransmissão com repetidoras regionais.

A rede PY precisa de operadores capacitados e conscientes — e é pela Classe C que essa força começa a se formar.

Editorial Defesa TV

Fontes de Consulta:
Anatel (Mosaico e COER), LABRE, manuais de formação de radioamadores, conteúdos técnicos dos principais rádios clubes brasileiros e Portal GOV.BR/Anatel.

Assinatura final:
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