23.7 C
Maceió
domingo, julho 27, 2025

Da guerra à preparação cidadã: como a Europa está se tornando um continente de preppers

Mais Lidas

Luiz Camões
Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano militar e ex-integrante de unidades especiais, com sólida atuação na cobertura de atividades das Forças Armadas brasileiras. Possui formação complementar em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares, realizados pelo Exército Brasileiro em diferentes biomas, além de capacitações no COPPAZNAV (Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltadas à cobertura em áreas de conflito. Atualmente aplica seus conhecimentos técnicos na produção de conteúdos jornalísticos realistas e acessíveis sobre o ambiente operacional das tropas, contribuindo para a valorização e compreensão da importância das Forças Armadas pelo público civil. Em 2011, deixou os registros de lado para atuar diretamente no desastre da Região Serrana do RJ, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro-RJ. Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e Defesa em Foco, é responsável por reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional.
Não fique refém dos algoritmos, nos siga no Telegram e fique atualizado com as últimas notícias.

Por muito tempo, o conceito de preparação civil foi tratado como algo marginal, quase folclórico. Preppers eram vistos como pessoas que viviam em cabanas, com medo de zumbis ou apocalipses fictícios. Essa imagem não apenas nublou a seriedade do tema, como afastou milhares de cidadãos da ideia de planejar para o inesperado. Mas em 2025, a realidade geopolítica europeia ressignificou a palavra “preparador”.

De acordo com a The Economist, na matéria publicada em 27 de março de 2025 com o título “The prospect of war has turned Europe into a continent of preppers”, a crescente ameaça de conflito entre potências — especialmente envolvendo a Rússia e a OTAN — transformou profundamente a consciência civil em diversos países do continente.

Um continente em alerta silencioso

A reportagem mostra que na Alemanha, Polônia, Finlândia e nos países Bálticos, milhares de famílias passaram a montar estoques básicos, atualizar seus abrigos, estudar primeiros socorros, comprar lanternas solares e montar kits de evacuação.

Mas o que mais chama atenção é a mudança de percepção: o preparador não é mais visto como paranoico, mas como prudente.

Governos nacionais estão publicando diretrizes de preparação e incentivando cidadãos a manterem pelo menos 10 dias de suprimentos. Em Estocolmo, a prefeitura distribui folhetos sobre o que fazer em caso de bombardeios. Na Alemanha, o governo recomenda que todos tenham rádios de emergência e planos de reencontro familiar.

A preparação como virtude democrática

Esse fenômeno europeu não surge de histeria, mas da compreensão profunda de que a paz é frágil e que a cidadania plena também exige preparação. Em países com tradições democráticas consolidadas, a preparação está sendo promovida como uma responsabilidade cívica, não como uma ideologia.

A matéria da The Economist destaca que essa nova mentalidade não está restrita a uma classe social ou posição política. Desde trabalhadores urbanos a agricultores rurais, todos estão, silenciosamente, se organizando para resistir a possíveis rupturas.

Lições para o Brasil

O Brasil está geograficamente distante dos conflitos militares europeus, mas não está imune à instabilidade global. Ao contrário: dependemos de cadeias logísticas internacionais, importamos fertilizantes, equipamentos, combustíveis e sofremos com os reflexos de qualquer crise financeira ou alimentar.

A lição europeia é direta: preparar-se é um dever cívico e emocional. É deixar de confiar cegamente que as instituições sempre funcionarão. É aceitar que o improvável pode acontecer.

No Brasil, a cultura da preparação ainda engatinha, com pequenos grupos organizados em redes de WhatsApp, poucos conteúdos sérios em português, e uma sociedade ainda muito dependente de soluções governamentais. Mas isso está mudando.

A oportunidade de reconstruir a preparação como linguagem da paz

A cultura de preparação — quando feita com base técnica, sem sensacionalismo ou consumo desnecessário — é, na verdade, uma cultura de paz. Porque ela quer evitar o colapso. Um bom preparador não deseja o caos, deseja autonomia para atravessar a tempestade e reconstruir o cotidiano.

A Europa de 2025 está mostrando ao mundo que prevenir é o novo ato de coragem cívica. E cabe a nós, brasileiros conscientes, aprendermos com essa experiência.

Fonte: The Economist – “The prospect of war has turned Europe into a continent of preppers” (2025).
https://www.economist.com/europe/2025/03/27/the-prospect-of-war-has-turned-europe-into-a-continent-of-preppers

📲 Participe do grupo no WhatsApp “Rede Preparadores Brasil”: https://chat.whatsapp.com/Drczmp0hfs0CfU9OQ2OrGw




  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano das Forças Armadas e ex-integrante de unidades especiais, com ampla experiência na cobertura de operações militares, treinamentos e atividades estratégicas das Forças Armadas brasileiras. Sua atuação combina expertise técnico-operacional com sólida formação civil voltada à comunicação em ambientes de defesa, incluindo capacitações específicas em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares realizados pelo Exército Brasileiro em diversos biomas do país, além de cursos no COPPAZNAV (Curso de Correspondente de Paz da Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltados à cobertura em áreas de conflito e operações de paz. É reconhecido por produzir conteúdos jornalísticos realistas, acessíveis e impactantes, contribuindo para a valorização institucional das Forças Armadas junto à sociedade civil. Em 2011, atuou diretamente na resposta ao desastre da Região Serrana do Rio de Janeiro, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro (RJ). Foi agraciado com as Medalhas Amigo da Marinha, Mérito Veterano da Associação dos Veteranos da Força Aérea Brasileira (AVFAB) e Mérito Tamandaré, concedida pela Marinha do Brasil. Atualmente é Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e do Defesa em Foco, coordenando reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional com linguagem ética, técnica e engajadora.



    Ver todos os posts



Fonte: DefesaTV

- Advertisement -

Mais Notícias

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

- Advertisement -

Últimas Notícias