Não fique refém dos algoritmos, nos siga no Telegram e fique atualizado com as últimas notícias. |
Por muito tempo, o conceito de preparação civil foi tratado como algo marginal, quase folclórico. Preppers eram vistos como pessoas que viviam em cabanas, com medo de zumbis ou apocalipses fictícios. Essa imagem não apenas nublou a seriedade do tema, como afastou milhares de cidadãos da ideia de planejar para o inesperado. Mas em 2025, a realidade geopolítica europeia ressignificou a palavra “preparador”.
De acordo com a The Economist, na matéria publicada em 27 de março de 2025 com o título “The prospect of war has turned Europe into a continent of preppers”, a crescente ameaça de conflito entre potências — especialmente envolvendo a Rússia e a OTAN — transformou profundamente a consciência civil em diversos países do continente.
Um continente em alerta silencioso
A reportagem mostra que na Alemanha, Polônia, Finlândia e nos países Bálticos, milhares de famílias passaram a montar estoques básicos, atualizar seus abrigos, estudar primeiros socorros, comprar lanternas solares e montar kits de evacuação.
Mas o que mais chama atenção é a mudança de percepção: o preparador não é mais visto como paranoico, mas como prudente.
Governos nacionais estão publicando diretrizes de preparação e incentivando cidadãos a manterem pelo menos 10 dias de suprimentos. Em Estocolmo, a prefeitura distribui folhetos sobre o que fazer em caso de bombardeios. Na Alemanha, o governo recomenda que todos tenham rádios de emergência e planos de reencontro familiar.
A preparação como virtude democrática
Esse fenômeno europeu não surge de histeria, mas da compreensão profunda de que a paz é frágil e que a cidadania plena também exige preparação. Em países com tradições democráticas consolidadas, a preparação está sendo promovida como uma responsabilidade cívica, não como uma ideologia.
A matéria da The Economist destaca que essa nova mentalidade não está restrita a uma classe social ou posição política. Desde trabalhadores urbanos a agricultores rurais, todos estão, silenciosamente, se organizando para resistir a possíveis rupturas.
Lições para o Brasil
O Brasil está geograficamente distante dos conflitos militares europeus, mas não está imune à instabilidade global. Ao contrário: dependemos de cadeias logísticas internacionais, importamos fertilizantes, equipamentos, combustíveis e sofremos com os reflexos de qualquer crise financeira ou alimentar.
A lição europeia é direta: preparar-se é um dever cívico e emocional. É deixar de confiar cegamente que as instituições sempre funcionarão. É aceitar que o improvável pode acontecer.
No Brasil, a cultura da preparação ainda engatinha, com pequenos grupos organizados em redes de WhatsApp, poucos conteúdos sérios em português, e uma sociedade ainda muito dependente de soluções governamentais. Mas isso está mudando.
A oportunidade de reconstruir a preparação como linguagem da paz
A cultura de preparação — quando feita com base técnica, sem sensacionalismo ou consumo desnecessário — é, na verdade, uma cultura de paz. Porque ela quer evitar o colapso. Um bom preparador não deseja o caos, deseja autonomia para atravessar a tempestade e reconstruir o cotidiano.
A Europa de 2025 está mostrando ao mundo que prevenir é o novo ato de coragem cívica. E cabe a nós, brasileiros conscientes, aprendermos com essa experiência.
Fonte: The Economist – “The prospect of war has turned Europe into a continent of preppers” (2025).
https://www.economist.com/europe/2025/03/27/the-prospect-of-war-has-turned-europe-into-a-continent-of-preppers
📲 Participe do grupo no WhatsApp “Rede Preparadores Brasil”: https://chat.whatsapp.com/Drczmp0hfs0CfU9OQ2OrGw
Fonte: DefesaTV