Não fique refém dos algoritmos, nos siga no Telegram e fique atualizado com as últimas notícias. |
Quem nunca se deparou com aquele amigo do churrasco que fala com total convicção sobre temas que mal entende? Ou com o “especialista de internet” que, com base em um vídeo de 30 segundos, se sente apto a dar aula sobre economia, saúde, direito e até física quântica? Pois bem, esse comportamento tem nome e explicação: efeito Dunning-Kruger.
O termo nasceu de um estudo conduzido por dois psicólogos americanos, David Dunning e Justin Kruger, que analisaram o comportamento de pessoas com baixo nível de conhecimento técnico em áreas específicas. A descoberta foi tão surpreendente quanto preocupante: quanto menos uma pessoa sabe sobre um assunto, mais ela acredita saber tudo. Uma mistura de autoengano, vaidade e falta de autocrítica que leva muitos a opinarem com uma confiança totalmente injustificada.
Mas há um termo ainda mais direto, e tão antigo quanto o próprio problema: apedeuta. De origem grega (a-paideía), a palavra descreve aquele que não foi educado, que não conhece o rigor da reflexão, mas que se sente autorizado a ensinar, legislar e impor opiniões rasas aos outros.
Esses personagens são os militantes rasos, os comentaristas de manchete, os famosos “especialistas em tudo” que, muitas vezes, nunca leram um livro inteiro, mas não hesitam em querer corrigir Aristóteles ou censurar pensadores clássicos como Marco Aurélio.
Se no ambiente doméstico eles podem até render piadas nas rodas de conversa, o problema se agrava quando ganham microfones, cargos de decisão ou até mesmo togas de magistrados. Aí, a ignorância vira norma, a boçalidade se torna critério e a arrogância passa a ditar regras.