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A pneumologista Ana Cláudia Dowsley, do Hospital da Criança de Alagoas (HCA), em Maceió, fez um alerta sobre os riscos graves do uso de cigarros eletrônicos (vapes) por crianças e adolescentes. Segundo a especialista, o uso contínuo desses dispositivos pode provocar danos irreversíveis ao trato respiratório, especialmente no público infantojuvenil, que ainda está em fase de crescimento e desenvolvimento pulmonar.
Apesar da proibição da comercialização no Brasil desde 2009, a falta de fiscalização tem favorecido a disseminação dos vapes entre os mais jovens. Dados do IBGE apontam que cerca de 17% dos estudantes brasileiros entre 13 e 17 anos já experimentaram o dispositivo, enquanto pesquisa do Ipec mostra que o número de usuários no país quadruplicou entre 2018 e 2022, saltando de 500 mil para 2,2 milhões.
A médica explica que, além da nicotina, os cigarros eletrônicos contêm diversas substâncias químicas aromatizantes e adocicadas que não são informadas nas embalagens. “Esses compostos provocam um efeito ainda mais tóxico que o cigarro tradicional, podendo causar insuficiência respiratória grave e déficit funcional pulmonar na fase adulta, quando o uso ocorre durante a adolescência”, destacou Ana Cláudia.
Para a profissional, muitos adolescentes acabam iniciando o uso por motivos emocionais, como ansiedade, necessidade de aceitação social ou curiosidade, o que reforça a necessidade de um acompanhamento multidisciplinar. “O tratamento deve envolver médico, psicólogo e, em alguns casos, psiquiatra, dependendo do grau de dependência química”, explica.
Onde buscar ajuda?
O Ambulatório de Especialidades do Hospital da Criança oferece suporte com equipe especializada para tratar quadros como esse. O agendamento das consultas pode ser feito por meio do Sistema de Regulação nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou nas Secretarias Municipais de Saúde (SMSs) dos municípios alagoanos.
A conscientização e o diálogo dentro das famílias são considerados fundamentais para identificar e combater o avanço do uso do cigarro eletrônico entre os mais novos, que enxergam o dispositivo como inofensivo, quando na verdade ele representa um grave risco à saúde pública infantil e juvenil.